Estou diminuindo, sinto encolher. No peso dos ombros jaz um ser que me empurra, e que com um barbante puxa meu queixo líquido. Por isso eu preciso sair, correr, voar, não importa onde, quero de novo, renovar, solicitar um passaporte, uma outra cidadania, uma ventania, sair do chão, do mesmo, da gravidade das queixas sem fundamentos, correr das vítimas das ruas, trocar as janelas e portas escurecidas pelas vidas, desligar os alarmes sem fim dos carros, dos prédios e celulares, silêncio por favor! Quero enxugar o vazio seco das lágrimas da raiva, cagar sobre a injustiça corrupta que sem efeito continua há milênios gritando nos ouvidos anestesiados de frio, não aguento mais meu não. Não posso mais com as sinaleiras a cada 10 metros, dos pedintes, da indignidade, da burrice dos cegos que acham que tudo está bem e que assim caminham as coisas, dos porcos engordados pela ilusão dos desgraçados, dos vampiros que julgam e desprezam a verdadeira genuina vontade dos outros. Dos olhares retos e das avaliações de desempenho, das indicações, congestionamentos, pop ups, ofertas, vendedores ricos de necessidades estúpidas, imbecilidade do pensamento romântico e futilidade do materialismo raso, pode ser?