segunda-feira, 30 de março de 2009

profisssional do sonhar acordado

"Como profisssional do sonhar acordado, a missão do poeta não é acreditar no que sente, mas fazer-nos acreditar que sentimos o que não sentimos. Ou sentimos?"

Eduardo Giannetti

"A consciência nos torna a todos covardes, e assim o colorido nato da decisão é recoberto pela sombra pálida do pensar"

Shakespeare, Hamlet.

"penso, logo hesito" (Giannetti).

Presentaço para iniciar bem a primeira semana do resto de suas vidas



Dominó= Túnica larga, com um capuz que cobre a parte superior da face, usada para ocultar a identidade em bailes de máscara.


Vivi, estudei, amei, e até cri,

e hoje não há me mendigo que eu não inveje só por não ser eu...

Fiz de mim o que não soube,

E o que podia fazer de mim, não o fiz

O dominó que vestí era errado.

Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.

Quando quis tirar a máscara,

estava pegada à cara.

Quando a tirei e me ví no espelho,

já tinha envelhecido.

Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.

Deitei fora a máscara e dormi no vestiário.

Como um cão tolerado pela gerência

Por ser inofensivo.
Eu vou escrever essa história para provar que sou sublime.

Álvaro de Campos (Fernando Pessoa, Obra poética, p. 365)
P.s. Quem souber de onde essa imagem foi tirada ganha muitos pontos

terça-feira, 24 de março de 2009

Pensei que conseguia encontrar os outros em seus olhares. Confundia os olhos pela boca.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Carta de um adeus

Errei, confesso, não por não te querer, mas por não declará-lo. Eu sumi da tua vida. O que me consola é que estavamos juntos por apenas um mês.
Sentenças precisam ganhar o ar, precisam de oxigênio, precisam encontrar ouvidos
Eu me neguei a te dar esse tapa final no ouvido, te deixei sem zumbido por medo mesmo, covardia.
Tu não desconfiava de nada, achei que tu não entenderia se te dissesse adeus no meio daquele aparente azul claro. Nunca te prometi o rosa.

Você parecia contente, talvez achava que eu era o fim de algo na tua vida. Eu te decepcionei. Depois de não sei bem quanto tempo exatamente, três mêses de sumiço, te enviei uma mensagem pedindo desculpas, falando que não queria te magoar, que senti que a gente não ia acontecer e por isso me enterrei para ti. Não conseguia dormir comigo sem te dizer nada. Você não respondeu. Te ensinei a ter mais cautela da pior forma.

A gente parecia tão bem, uma amiga até me disse que você sim, era a pessoa certa, carismática, simpática, gentil, mas você me quis demais muito cedo, sem eu saber não pediu minha permissão para ser quem tanto desejava em mim. A pressa depõe contra o amor. Mas não foi por isso que desapareci de você. Acho que no amor precisamos nos jogar mesmo, pelo menos um dos dois. As razões foram as da pele. A pele tem pensamentos próprios. A tua não me disse nada.

Quem olha não entende, cogita, mas nunca entende. Fui para ti mais idéia do que sentimento.

Peguei carona com o vento e fugi, trapaceei o amor em ti.
Era a verdade ou a fuga. Escolhi a fuga. Não quis apontar meu dedo para os teus lábios.
Deixei em silêncio.

Pensei que tu me daria como morto se eu simplesmente desaparecesse. Esqueceria de mim mais facilmente. Imaginaria eu tropeçando num penhasco. Que fim lindo! A promessa de um amor interrompido em seu prelúdio. Percebo que nos deixei da pior forma, vivendo e sem saber, te perguntando o que fizeste para mim. Te deixei como tuas perguntas não respondidas. Com a idéia de amanhã abortada. Não vou te pedir desculpas. A raiva é diretamente proporcional as boas intenções da desculpa. Não existe paz na separação.

sábado, 14 de março de 2009

frase do fim de semana

Custa pouco fazer a coisa certa.

terça-feira, 10 de março de 2009

Fé na esquina


Fé é viver num "como se" para a frente...
Eu explico. Viver num "como se para a frente" não é tentar se enganar, é tentar enganar o que sempre aconteceu, o que foi até hoje assim. Viver num como se para a frente não é enganar o passado, é tentar superá-lo. Não é viver imerso em ilusões, não é andar como artista de cinema, agir como se não houvesse consequência, como se a dependência fosse um mau dos outros, como se o passado não tivesse sua força. Como se nunca tivessemos um coração despedaçado, e respectivamente ferido tantos outros. Não estou pregando viver um "como se" que busca apagar o passado. É olhar para a frente, apesar do passado. Fé é se arrumar! Como se, naquela esquina, hoje, talvez, fossemos encontrar alguma chance de novo, como se todo o dia fosse realmente uma nova chance de enfrentar, singelamente a invisibilidade. É viver como se ontem, a covardia tivesse acenado adeus à vaidade. Para então, olhar tudo como se fosse a última vez e, finalmente ter no medo um amigo íntimo. Um passaporte para que o "como se" venha a ser.

segunda-feira, 9 de março de 2009

A graça da imperfeição decidida
A alegria do tombo em movimento
A magia renovadora de errar sem morrer
A sedução da timidez de tentar emergir do silêncio
Gaguejar de frio na barriga ao encarar o etéreo
tragar a ansiedade de nunca ter experimentado
Escolher, decidir, movimentar
Tenho muitos nãos a percorrer até conseguir parar de me levar tão a sério

sexta-feira, 6 de março de 2009

A arte de Sam Webber!

Usando uma técnica única de pintura com retoques digitais este artista consegue resultados incríveis, suas pinturas são belas e ao mesmo tempo perturbadoras

Essa acima é uma das minhas prediletas! Já foi para o meu plano de fundo da área de trabalho. Ficará por muito tempo. Clique no link abaixo e veja mais. Boa viagem!

LINK: http://www.sampaints.com/portfolio.html

quinta-feira, 5 de março de 2009



A menina e o lobo são um.

Essa é a chave.

Tocar o lobo sem medo.

Neblina


No escuro da selva de sentimentos
Dos sonhos mais humanos
tento desembaraçar minha visão,
admitir meus pensamentos,
aceitar que existe um caminho incerto,
desde que haja amor ele haverá de ir vindo,
desvios me chamam, a preguiça do interminável e o medo de não ser amado
Eles também habitam a neblina em nós.
Guardo eles em minha jarra. Eles pedem passagem, mas agora desejo olhar para a frente.
Um dia desocuparei minhas mãos para dá-las a alguém.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Detalhe do grenal

O segundo é decisivo.
O olhar determina os destinos.
Bola alçada! A solidão encontra de frente o goleiro gremista. A morte não se deu no peito de índio, a gravidade não quis. A bola subiu e foi aí, que incrédulo, diante da realidade, Victor ao invés de dar um passo a frente, vai para trás. Medo e pânico! Ainda assim, havia tempo, era o momento de acreditar, pois a pelota ainda picava no chão, depois de uma eternidade suspensa no ar. Ao invés de dar um passo à frente, Victor olha sem virar a cabeça para o bandeirinha: nesse segundo se deu sua morte! No sentido de tirar o olhar da situação, o que antecedeu a explosão da bola na chuteira, ouvida por todos. Uma bomba no peito e a alegria nas redes.

Moralzinha dessa história: Quando a merda pegar pesado para cima de você, dê um passo para a frente, o ângulo de possibilidade da tragédia acontecer diminui.
Moralzinha II: Se é preciso realmente frear, tu não vai olhar primeiro para o "vidro retrovisor".

P.s. Agora o clássico será chamado de frenal (freguês X Internacional)




terça-feira, 3 de março de 2009

Exorcismo parte I

Estou indignado com os pais de crianças do MST que proibiram-nas de ir à escolas que não sejam do seu movimento
Furioso com as queimadas na amazônia, que perdeu o equivalente a meia São Paulo em três meses
Estupefato a respeito da falta de sensilbilidade dos outros
Com os castelos que políticos corruptos constroem com o nosso dinheiro
Doações milionárias do Brasil para a reconstrução da Faixa de Gaza
Com a merda do cachorro na rua
A cegueira indiferente, proposital e opcional.
Todos esses eu vi num mesmo dia!
Queria atirar, pular em cima, gritar no ouvido, fazer movimentos contra movimentos, jogar merda na casa dos donos de cachorro
O que eu posso fazer?
Olhar as queimadas que eu próprio me dou,
Destruir os castelos grandiosos que eu construi nas minhas ilusões infantis, herdadas e escolhidas.
Reconhecer minhas friezas e desperdícios.
Entender que na minha merda eu mesmo piso.
Se eu fosse uma Madre Teresa de Calcutá minha vida seria dedicada a causas.
Eu juro que daria meu sangue, morreria por elas até.
Como seria mais fácil salvar o mundo desse jeito!