quinta-feira, 30 de julho de 2009

Carta de um adeus II

Te troquei por meus vícios.
Não porque não te amava.
Apenas não sabia o suficiente para deixar de ser egoísta.
Errei ao pensar que sentir demais não era amor.
Nos perdi por medo de dizer quando te odiei.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

quando janelas viram espelhos


Só mirava modelos,
as propagandas não desviam o olhar,
buscava ser visto desesperadamente,
encarcerado em sorrisos incondicionais,
esperando o o silêncio perfeito,
desfilava para ninguém.
Fincava suas lentes nos reflexos,
Sem saber perdeu os próprios olhos.
Quando foi encontrado descobriu-se deserto.
Engoliu-se em seu sono,
congelou ao despertar.
Qualquer um é Medusa para Narciso.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Ansiedade suicida

Ela pulou do prédio achando que havia um incêndio.
Era apenas alguém acendendo um cigarro no primeiro andar.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Instinto suicida


Três dos meus top 10 filmes envolvem personagens que livremente se jogam de prédios sem paraquedas. Vanilla Sky, Magnólia e O Hotel de Um Milhão de Dólares.

Ontem subi no terraço do prédio onde mora um amigo meu e lembrei da beleza de pular. O prédio fica na Duque de Caxias, na parte alta, era um dia lindo, sem uma nuvem, céu de baunilha. Fiquei flertando com a vertigem. Lembrando que tudo pode terminar em alguns segundos, evocando os detalhes que podem mudar qualquer direção. Fiquei me imaginando voando, numa queda silenciosa, enquanto meu amigo estava de costas para mim. Quando ele se virasse eu, simplesmente, não estaria mais alí.

Apesar do peso da vida, admito ter sentido um pouco de leveza, possibilidade nascida da imaginação que possibilitou meu voo. Suicídio é tabu, mas não acredito que alguém realmente vivo não tenha nunca pensado nisso. Suicídio é a loucura em seu maior exponente, solidão mais absurda, mistura de covardia, orgulho, coragem, raiva, tristeza. Em tempos em que morremos por quase nada, se matar até parece nobre. Será que em alguns casos não o é? Quando seria então? Pensar no suicídio é pensar além do limite da razão.

No filme Vanilla Sky, trata-se de um suicídio poético, para a vida. David se atira para poder despertar, viver uma vida real, não mais num sonho lúcido. Ele escolhe enfrentar seu pior medo, cair em si, desistir de olhar o mundo por cima. Nesse caso, eu gostaria de poder pular como ele. Fiquem aliviados, não estou fora de controle. Quero apenas matar o que já é morto em mim.
No Hotel de um milhão de dólares o personagem pula por amor.
Sempre achei lindo os românticos que se matavam por amor, mas acho que com o tempo e as cruéis decepções fiquei medroso, consequente e mais egoísta, passei então a achar estupidez. Mas a verdade é que admiro incrivelmente gente que morre para salvar vida(s), apesar de não me achar um desses. Numa situação limite talvez o fizesse. Mas o que sei, de fato, é que nunca houve um caso de amor sem morte com áspas. Sublime e excruciante morte, morte vívida, sem linha reta. Uma que reinaugura, reelege e reaquece. Mas até chegar lá e permanecer são muitos voos e outras tantas quedas.

Confesso que ontem pensei na beira da minha morte, alguns domingos são propícios para precipícios. Não pulei. Não iria trair um amigo.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Quase esperando sempre

A espera veio brindar nossa pele,
parecendo estacionar os desastres,
cobrindo fraturas e percalços ilhados,
entendendo o despropósito arquitetado das quedas sofridas.
As arenas agora parecem estar esvaziando,
fantasmas encarnando adeuses,
somente eu, ela, música e sincronicidades,
hipnose mútua,
revirando estações,
terça brincando de sábado,
sopro de primavera no inverno,
dedilhando indícios de felicidade.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

forças da nantureza

Hoje podem reerguer o muro de Berlin,
derrubar a muralha da China.
Que o Pão de Açucar vire de glacê.
Levem as bombachas do laçador,
que a usina do gasômetro lembre Chernobyl.
Hoje não haverá diferença entre homens bomba e trapezistas de circo.
Que as crianças esqueçam de arrumar suas camas.
Há um Tsunami em mim.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Acho que vão derrubar meu blog....

Recebi ontem um email do google, dmca (Digital Millennium Copyright Act) e da Recording Industry Association of America, Inc. (RIAA), avisando que meu blog será derrubado. Foi por ter colocado uns discos para download. Não acreditei! Triste mas é verdade. Já salvei todos os meus posts e deletei todos os discos que eu tinha colocado para download. Tenho esperanças de que eu ainda possa sobreviver no convulsionando, mas provavelmente eu volte com outro nome, caso essa desgraça venha a acontecer. Vai ser uma trabalheira furiosa postar tudo de novo, e recomeçar, mas a vida apronta dessas, estou acostumado. Agradeço cada comentário e leitura feita por aqui e deixo um imenso abraço. Espero não perder vocês no meu novo blog. Vou esperar e torcer!!
O meu novo blog já está criado e pronto para receber minhas velhas e novas postagens. O endereço será http://macieirascontranewton.blogspot.com/

P.S. Lendo com mais calma e menos desespero (o email é em inglês) acho que só tiraram o post da artista do meu blog, não vão derrubar tudo! Mas fico em stand by de qualquer maneira. Ufa! Hmmm, tinha gostado tanto do novo nome do meu blog! Se alguém quiser eu vendo! :P

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Meu aniversário...

Não podia deixar vocês de fora dessa! Pois é, estou completando 34 anos! Pasmem! Tudo isso num corpitcho de 32! Unfuckingbelievable! Estou contente! Estou feliz! Não gosto de aniversários, mas acho que estou aprendendo a gostar mais de mim, e aí fica menos ruim passar por essas datinhas complexas. Amanhã quero abraços e beijos virtuais ou não! Estou avisando que estou de aniversário. Acho que é um bom sinal né? pois então! Amanhã, dia de semana, dia "ordinário". Acordarei seis e meia, tomarei um banho, pegarei um trânsito leve e entrarei numa sala com pessoas em sofrimento. Elas não terão a mínima idéia de que é meu aniversário e nem se interessarão em saber por um longo tempo, claro que, se um dia, vierem a se interessar por isso, será uma evolução para nós. Depois faço um almoço caridoso com meu avô para não deixar ele sozinho nessa data querida, ele vai reclamar das misérias e maselas da vida e da velhice, mesmo assim ok, eu vou ouvir e sorrirei com o canto da boca. Aí comprarei um bolo, pegarei o Fabrício Carpinejar e levo ele para o centro onde trabalho com crianças e adolescentes, dentro da vila Bom Jesus. Meu mestre estará comigo no dia do meu aniversário! Tudo por que eu o convidei e ele aceitou! Tão simples! Tão bom! Aí eu vou atirar ele no meio da criançada comigo e a gente vai contar histórias para elas e eu vou receber alguns bracinhos ávidos ao meu redor! Coisa boa! Depois vou para minha terapia para continuar mantendo bem longe de mim os congelamentos herdados do frio polonês e adquiridos ao longo dos anos para tentar regenerar meu coração. Depois tenho uma reunião chatíssima, administrativa e clínica, onde haverá um monte de psicólogas loucas (quanta redundância) para chegar em casa e ver a novela das oito, e mesmo assim, tentarão criar assuntos e desdobramentos onde antes havia apenas poeira. A parte clínica é legal. Esperarei receber felicitações através de comentários de meus leitores e seguidores assíduos ou não, anônimos, voyers e fetichistas em geral. Aguardarei alguns torpedos, mensagens, scraps ou ligações. E finalmente jantarei com meus pais e minha irmã num restaurante francês para celebrar a revolução francesa, o dia internacional do rock´n roll, cancerianos, novos avanços de massa polar e meu aniversário. Espero que cabeças não rolem, apenas balancem muito! Tudo por uma vida e um aniversário menos ordinários. Não vou esperar muito, mas quero bastante! Abraços!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Carpe fucking diem

Depois de sociedade dos poetas mortos todos querem, todos falam, todos murmuram ou gritam aos sete ventos: "Aproveitem o dia". Nossos avós nos dizem e os avós deles diziam a eles "carpe diem", "a vida é curta", "um dia bem vivido vale por um ano". "Só temos o presente". "A vela queima nas duas pontas". Se fala em "realidade líquida" e "amores fugazes". Maldito discurso opressor. Aos meus ouvidos isso soa mais como "faça o que eu não fiz", "aprenda comigo", "não sofra como eu". Estou de saco cheio dos avós do mundo dizendo isso, que "a idade cobra" e que "é assim a vida". Caralho! Parem de escutar as fotos em preto e branco, elas não murmuram nada! Para mim carpe diem hoje soa mais como "façam qualquer coisa para preencher buracos, vazios e carências". Façam qualquer coisa para ter alguma história para contar. Não importa o quê. Nem que seja só para dizer "eu errei".

P.S. Não é nada pessoal...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Felicidade é quando

Converso com a fome,
Enxergo com os dedos,
O olhar e um sorriso joga âncoras,
descosturo os ganchos da língua,
Ensaio novos suspiros,
Livro o coração das teses.

fisionomias

Súbita intuição sobre a beleza,
esqueçam as ciências,
os olhos espelhados,
é espontâneo,
é voz e ouvido,
é aromático.
No labirinto de imagens,
perdem-se as chances de sabor.

domingo, 5 de julho de 2009

Cair

Eu só queria aprender a cair. Apenas isso! Posso?
Um tombo que me surpreenda!
correções que finquem sem envenar,
Proibições que doam sem castrar,
Traumas que sangrem sem hospitais, sem engessamentos.
É possível?
Queria perder um pedaço de mim só para ver se existo sem,
aprender a morrer para me acordar, ver se viro do avesso.
Olhar fixo para o sol, enxergar alguma verdade.
Aprender a entender onde moram os finalmentes.
Essa fome por finais e verdades,
congelo nos inícios e nas invenções.
Tropeços queimam.
Alguém ensina?
Vou desgrudar os olhos e ouvidos de mim e lançá-los ao norte.
Espero que não deixemos de nos encontrar se vieres em alta velocidade na contra-mão.

sábado, 4 de julho de 2009

O melhor poema para Michael!!!


Michael Jackson era negro e queria ser branco (com sua cota ancestral de dor negra)
O que o vitimizou – como um estigma
Michael Jackson era pobre e queria ser rico (de posses infantis e desejos transversais)
O que o desconfigurou como um estorvo
Michael Jackson era homem e queria ser mulher (de alguma maneira que pudesse)
O que o adulterou - Narciso cego, Édipo manco
Michael Jackson queria ser judeu (mas era um Peter-Pan enjaulado em cantagonias)
O que o marcou como ser na identificação de.
Michael Jackson como um não-Ser num não-lugar
Cantava dançava compunha dirigia criava voava
Um quase preto homem-menina com desvios íntimos
Com fox-trot nos pés e nos quadris portentosos
E uma alma sempre criança mal-amadurecida
Na ultrajada inocência para fins midiáticos e lucrativos
Fugiu-se na música – as ousadas canções
Tinha ritmo frenético – em viagens sonoras
Sobreviveu feito ermitão – urbano entre brinquedos
O pop do alto ao chão – paranóia na vida-livro
Muito além dos píncaros da glória efêmera...Agora não tem cor – Não há cor na morte
Agora não tem posses – Nada levamos daqui
Agora não tem sexo – A terra há de comer
Agora não tem vitiligo: pergunte ao pó
Para ter sua tão sonhada Neverland
Assim na terra como no céu em purgações
Cortaria os próprios pulsos com música
Melodia, harmonia, ritmo em vício-clip
Sem saber que do outro lado da vida-hollywood-presley
Não há hormônios - nem cirurgias
Não há espelhos – nem camarins
Talvez nalgum lugar entre o céu e o inferno da terra-mãe
Ele encontre finalmente paz – mas uma paz não humana
E então não tenha mais vergonha da cor
Não tenha nunca mais vergonha do rosto
Não tenha vergonha da origem ou do sexo
Porque seu espírito atribulado finalmente se refrigerará
Em estúdios muito além de suas tantas realidades paralelas
E dentro da morte – muito além do som do silêncio –Ele novamente ensaiará os primeiros passos de si mesmo
Como num “Thriller”.
(Silas Correa Leite)
(Créditos do programa Provocações, com Antonia Abujamra- Todas sextas feiras, às 22:10)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Dia da final!


Eu acredito!

Acredito que o inter pode virar o jogo, porque o inter mesmo me deu lições de fé na vida quando as chances eram poucas. O inter me ensinou que é melhor acreditar do que murchar desconfiado, dizer que não esperando um sim é das maiores covardias. Porque quando acreditamos, podemos cair, claro, e muitas vezes caímos e quebramos, mas quando tudo indica a morte e o gol rompe, aí surge a surpresa boa que pode ser viver apenas esperando. Virar jogo é para poucos. Desistir antes é comum. Ganhar quando tudo aponta para a vitória é mais fácil, menos dolorido, tranquilo também. Mas ganhar quando as chances são escassas, quando o adversário é tão forte quanto nós, aí a situação é adrenalítica. Não sei o que acontecerá hoje, espero um sim, ou melhor, três sins seguidos e fim. Espero muito, talvez pela primeira vez estou indo assim, mesmo sabendo que a garantia é pouca, a segurança é zero. É daí mesmo que nasce minha esperança. Espero virar o jogo, não tenho e nem posso ter certezas, seria onipotencia demais. Não sejamos injustos conosco, com o inter e com a vida. Prefiro a confiança terrestre no lugar das fantasias saltitantes da certeza.

VAMOS INTER! TE AGRADEÇO ANTECIPADAMENTE! NADA NUNCA VAI NOS SEPARAR!