segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
kit reveillon 2010
Pelo ano era isso tudo pessoal!
Estou pegando a freeway amanhã cedinho!
Se quiserem carona para o ano que vem...
Bem vindos a bordo!
Não esqueçam o mais importante,
as janelas deverão permanecer abertas durante todo o percurso,
não garanto segurança total,
o volume nunca ficará baixo,
posso vir a cantar,
e se eu colocar a cabeça fora da janela para comer vento, não estranhem!
Se não nos encontrarmos no caminho,
espero vocês do outro lado,
quando seremos gatos,
e pra quem eu não ví,
deixo um bom dia,
meu boa tarde,
e uma boa noite!
tempos modernos
Mulheres! Cuidado com os homens que vivem comendo lasanhas de microondas, eles não tem o que é preciso para esperar.
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Nota de fim de ano
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
convite
Cansei de ostentar ideais eternos vivendo tragédias Nietzschianas.
Onde mora o fim do amor platônico e a estúpida máxima das filas sem fim?
Só queria não sofrer demais, nem desaparecer com tanta facilidade,
nem adivinhar o outro, nem decretar verdades a seu respeito,
apenas não salvar ou condenar.
Queria aprender a jogar sem idéia,
sem balanços,
sem estudos,
podemos?
Procura-se um amigo
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive".
Vinícius de Morais
Sobre as verdades
O oposto de uma verdade trivial é simplesmente falso;
O oposto de uma grande verdade, também é verdadeiro."
Niels Bohr
A última chance
sábado, 19 de dezembro de 2009
Os outros 16 melhores discos da década (por enquanto)
Damien Rice- O
José González- Veneer
Mozez- So Still
John Mayer- Room For Squares
Jorge drexler- Eco
Aimee Man- trilha do filme Magnolia
Coldplay- A rush of blood to the head
David Gray- lost songs
Jamie Cullum- Pointless nostalgic
Keane- little broken words
The Cinematic Orchestra- ma fleur
Kings of leon- Only by night
Lisa Shaw- Cherry
Travis- The invisible band
KT Tunstall- eye to the telescope
Pete Yorn- music for the morning after
Se quiserem baixar algum posso disponibilizar os links.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Pesado para uma sexta?
(Bauman)
Resposta: Complicado falar por todos, mas certamente todos temos o impulso. Se ao menos aprendessemos a amar em vez de querer "extirpar" o que nos separa do outro.... ficaria bem menos pesado.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Momento psicopoéticopedagógico
o problema do professor será
o de trazer
a "lua" ao mundo da criança,
já que se quiser expulsar
a "lua" da aula expulsará também
o aprendente que há em seu aluno.
Por outro lado, essas "luas"
costumam estar habitadas pelas situações
mais dolorosas da vida das crianças.
Alicia Fernandez
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Apontando lápis
então só apontei meus lápis,
deixei-os em cima da mesa,
ao lado das folhas,
de frente para a janela,
distante das grades,
próximo das minhas caixas,
de costas para a saída,
tudo ficou pronto.
Desenharei uma casa,
ela terá sacadas com flores,
haverá um jardim e uma parreira,
pássaros no céu,
montanhas sobrepostas ao longe e um lago rodeado por pedras,
será um dia ensolarado,
poucas nuvens passeando para não parecer mentira.
Eu estarei para sempre pescando lá.
Divido meus lápis se quiserem,
o desenho não sei.
domingo, 13 de dezembro de 2009
congestionamentos
as pessoas foram feitas para passar,
não invada os tempos do outro,
sem respeito os espaços se comprimem,
saiba quando é hora de parar,
entenda quando é de seguir,
esperar não é um enigma,
para entender, basta olhar de fora,
acontece que o mundo é congestionado de Narcisos.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Fim de ano à John Lennon
O fim de ano vem chegando e os olhos começam a lacrimejar. Cantando em meus ouvidos, John lennon sussura a pergunta: "o que você fez nesse ano"? Então sensações e lembranças rodopiam na retina e entregam um convite para o baile do balanço final.
Um ano ímpar, como diria minha amiga Nádia. Em anos ímpares nada termina arredondado, como se um desfecho feliz não fosse possível. Me encontro nessa reta derradeira, nadando contra um rio de possibilidades por fazer, onde tubarões e golfinhos convivem em aparente harmonia. Um ano que ficou sem par certo, dancei mais sozinho, dormi mais com meus travesseiros, cozinhei pra mim e lavei muita louça sem secar.
Nesse ano, entendi melhor que, às vezes, não afundar também é uma vitória. Manter o que obtivemos, bem como diminuir a frequência de atitudes e vícios que não nos levam a lugar algum requer uma constância e resistência que poucas pessoas conseguem enxergar e, então, facilmente apontam como falta de vontade ou ambição. Tentei resistir às soluções mágicas. Me esforcei para não dar tanto ouvido aos que exigem a obtenção de resultados numéricos no gráfico dos altos e baixos da vida.
Mas é hora de regular o foco, repensar o destino, imaginar o recomeço da vida, acreditar que é possível mudar mais, de novo. Tempo de entender que remoer mágoas é como mascar espinhos sem ajuda dos dentes. É hora de lembrar dos abraços e das lágrimas, de agradecer àqueles que tentaram ajudar, mesmo se não pudemos aproveitar suas mãos por vergonha, orgulho ou incompetência. Não é tarde para aceitar desculpas se fomos esquecidos e pedir desculpas se esquecemos. Às vezes um abraço basta, outras, um olhar não é suficiente, é necessário pedir falando. É também momento de tentar exorcizar os amores perdidos, àqueles sem desfecho do passado, ou os atuais que não correspondem para, então, voltar a caminhar sem todos os fantasmas que nos algemam. Aprendi que usar a meteorologia como desculpa gera uma tristeza polar. Por favor, não morram antes de viver sem desculpas.
Enfim, grande John, você quer saber o que eu fiz nesse ano? Eu dei minhas mãos a muitas crianças, acompanhei dores de pessoas que precisavam de filhos, de filhos que necessitavam de pais, brinquei no chão, girei dezenas de vezes a roleta do jogo, fui derrubado, rodei, rolei, lutei com espadas, chutei em gol, fui um pouco pai, psicólogo, professor e amador. Me defendi de bombas, perdi por W.O. e desisti cedo demais. Mostrei a língua, escrevi poesia e joguei fora um tempo precioso brigando sozinho e comigo. Perdi campeonato na última rodada, fui salvo pela minha irmã, chorei escondido, quis pular em queda livre, tentei reaver, revoltar, me separei e fui separado. Descobri novas músicas, cantei, fiz amigos "virtuais" que hoje vivem como se dividissem meu apartamento comigo. Trabalhei como um cavalo. Comprei um carro, renovei a carteira de motorista, consegui a cidadania polonesa. Conversei com a fé. Fiz uma oficina de poesia com um poeta maluco que pinta as unhas. E o mais importante, no fim, saí mais, arrisquei mais, comecei a fazer minha coragem tirar meus medos para dançar. Uma coragem desconhecida, que pode ser chamada, por alguns, singelamente, de amor.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Desconstruindo ditados
It will kill you".
Fazendo uma adaptação para o nosso ditado, eu diria: o que os olhos não vêem, o coração ressente ou pressente.
sábado, 5 de dezembro de 2009
Sobre o impulso (física também é poesia)
Desejo repentino de fazer algo (sem pensar nas conseqüências); força ou estimulação repentina
Movimento comunicado a um corpo (quando tocado por outro*).
Estímulo que possui força para levar o indivíduo a fazer DETERMINADA ação. Qualquer estímulo pode vir a ser um impulso. (Mas não é qualquer impulso que nos leva a atuar em uma determinada ação*).
Ação de uma força sobre algo para que possamos colocá-lo novamente em movimento.
Atuação de forças (afetivas*) sobre um corpo, ou seja, essa grandeza (de espírito*) mede o esforço necessário para colocar um corpo (sujeito*) em movimento.
p.s. Para tornar a física mais poética eu trocaria estímulo por desejo. Não somos uma pilha de recepções nervosas funcionando sobre a base ação e reação.
p.s.3. ... e se alguém lhe oferecer flores, isso não é impulso!
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
fluir
sou do mar, do rio, das nuvens,
gosto das folhas balançando.
Busco uma equação que envolva pressão, força, intenção e calor sobre gravidade zero.
Resta saber se consigo segurar algo comigo assim passando.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Catando denúncias
alguma faísca involuntária do olhar,
um aceno franco à oeste dos lábios,
uma fenda no sistema imunológico egóico,
um sopro na aorta,
um tropeço da zaga,
a coceira na nuca,
evasivas do vento,
coisas de museu,
raridades arqueológicas.
Humanos desreplicantes.
Descomplicantes.
Se entregue comparecendo,
perdemos mesmo preparados,
ninguém sabe quem está lá,
tire o medo para dançar,
não deixe a beleza cegar,
não existe coração inteiro,
jogue apesar das ausências,
basta escolher o que é preciso saber e esquecer.
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* A sigla W.O., muita usada no mundo dos esportes, significa “walk over“, o que, numa tradução literal para o português, seria andar sobre algo. Segundo o dicionário Oxford, o termo vem das corridas de cavalo, e se refere aos eventos que só tinham um jóquei na disputa, pelo fato de os outros terem desistido ou faltado à prova. Quando isso acontece, o único competidor presente precisa apenas andar sobre (walk over) a pista para ganhar.
Hoje, quando se diz, por exemplo, que um time vai ganhar a partida por W.O., o entendimento é de que o adversário não compareceu, dando assim a vitória para o oponente.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Falta de luz
Então apoio os cotovelos no parapeito e o olhar passeia pela rua, rumo ao céu alaranjado, visita o vizinho, rasteja pelo chão, se volta para dentro.
A presença da luz constante nos impede de enxergar o essencial; nossos pensamentos e a própria solidão. A escuridão me ajudou a enxergar um pouco melhor ontem.
A verdade é que ninguém sabe o que fazer consigo sem recursos elétricos, sem artifícios.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Inter 1 X 0 Atlético Mineiro
domingo, 22 de novembro de 2009
Minha versão de Don´t stop believing (jorney)
pega o trem da meia noite indo para um lugar qualquer,
dividiria seu peito por um certo sorriso,
vive seguindo uma emoção escondida,
assombrada em algum ponto no escuro,
ela quer voltar a jogar os dados uma vez mais,
assim o filme não para nunca,
ela não deixa de acreditar,
espera segurar esse sentimento.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
0800 realidade
Disque 2 para recarregar o plano de paciência e tolerância
Disque 3 para assinar o pacote de esperança
Disque 4 para afogar os cínicos e egoístas,
Disque 5 para dormir uma semana,
Disque 6 para alugar um terreno na lua,
Disque 7 para conseguir um pouco de espaço na rua,
Disque 8 para viajar com amigos,
Disque 9 para acordar da fria indiferença da falta de respostas.
Escalar o desejo
A possibilidade é uma expectativa, uma fantasia que ocupa espaço (senti)mental e rouba o lugar do movimento; dos atos que nos levariam a realizar o que deveriamos para (pro)mover nossos desejos no campo das palavras e do outro. Se não estivessemos tão preocupados em alcançar o grande final, o amor, o sucesso, seria bem mais tranquilo e fácil, ironicamente, manter o foco.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Desabafo sobre a cegueira
Às vezes paralisava, outras forçava um esquecimento, tentava não enxergar, não expor a falta que doía. Desejar era um pouco como morrer.
Diversas vezes me enganei. Escolhi as vendas, as peneiras e lentes no fundo dos bolsos, oferecendo jeitos para contornar. Muitas portas eu selei. Tetos desabaram. Já fingi doenças, descolamentos, fraturas, inventei dores para fugir dos nãos. Tornei-me escravo do meu próprio disfarce de vítima, virei ele. Me senti traído por essas mesmas criações.
Não posso mais reparar as ligações não atendidas, devolver os discos, curar as esperanças decepcionadas, recolorir as flores perdidas nos livros, beijar o beijo nunca roubado, enfim, refazer o que abandonei em mim por medo.
Assim foi metade do meu coração.
domingo, 15 de novembro de 2009
É preciso amar como se não houvesse amanhã?
À primeira vista, não gosto quando alguém chega querendo me avisar sobre o que eu preciso. Dos meus deveres só eu gostaria de saber. Precisar é quase sempre doloroso. Por outro lado esperamos muito que os outros saibam do que precisamos: como é bom quando o outro sabe né? Quão confortável! Ter que dizer "eu preciso" pode ser de uma grande dor. Mas depois de dito pode ser algo completamente revolucionário. Me dei conta disso agora que estou só. Porque será? Precisar está sempre circulando entre a prisão, a esperança e a liberdade. Certamente precisamos amar, claro que sim, mas não venha me dizer como eu preciso amar. Amar nunca será preciso, senão ele perde seu valor, esvaece e murcha.
Vamos caindo e reconstruindo sobre (e com) o que restou deles. Mudamos.
Mas será que precisamos da morte para entender o que é amar? Acho, por enquanto, que não.
Eu sugiro amar como se não houvesse para sempre. Parece mais singelo, menos suicida e quase humano.
E chega de teorias precisas.
sábado, 7 de novembro de 2009
sempre...
o tempo não enxagua,
não afaga ou desafoga.
O tempo é o difarce do esquecimento.
Escolher é uma sentença que não espera muito.
Para lembrar Clarice Lispector
Somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente
enquanto eu inventar deus, ele não existe
a vida não é de se brincar porque em pleno dia se morre
não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada
Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe
É só quando esquecemos todos os nossos conhecimentos é que começamos a saber.
A coragem de Lóri é a de, não se conhecendo, no entanto prosseguir, e agir sem se conhecer exige coragem.
Escolher a própria máscara é o primeiro gesto voluntário humano. E solitário.
Escrever sem estilo é o máximo que, quem escreve, chega a desejar.
Substituirei o destino pela probabilidade
Vou começar meu exercício de coragem, viver não é coragem, saber que se vive é a coragem
Mas usei demais as verdades como pretexto. A verdade como pretexto para mentir?
Clarice.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Aos tímidos
pule do barco para ver,
não se poupe por orgulho,
é preciso esquecer para abordar,
não espere garantias para convidar,
fale, mesmo quando não houver terra à vista,
pare de contar.
não cuidam de nada que está acima de seus narizes,
fingem-se cegos, diferentes, especiais, excesões,
deveriam lembrar os gauleses, que temiam por suas cabeças abaixo de um céu cadente,
o homen não evoluiu,
ainda acha que seu umbigo é o centro do universo, seu ego comanda suas ações e que seu Deus existe, e que obviamente não mora no céu.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Receita do dia
Quebre o gelo com uma colher de peito aberto,
derreta a tristeza e espalhe sobre uma forma untada com mel,
leve ao forno num dia de poucas nuvens,
talvez numa noite de lua crescente,
não esqueça das vontades em banho maria,
meio copo de açucar no olhar cai bem,
ressentimento é bom flambado,
sem coberturas no passado,
poucas gotas de limão nas expectativas,
uma pitada de pimenta no sorriso,
misture tudo com as mãos,
fique pronto para se lambuzar,
sem apetite é melhor não começar.
lembranças da solidão
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
se for para continuar...
Sem sombras, não enxergo,
Sem coragem, não toco,
Sem calor, não amoleço,
Sem esperança, repito,
Sem dor, não amo,
Sem entendimento, não prometo,
mas estou na chuva,
tentando nascer de uma gota,
de um lenço branco, molhado, resistindo ao vento,
me balançando entre caminhos de pedra e horizontes de baunilha,
sem substituições, reservas e curativos,
posso ir.
domingo, 25 de outubro de 2009
terça-feira, 20 de outubro de 2009
O susto do amor
Era urgente dar nome àquela réplica de si, que vivia até agora se alimentando da própria fuga, como se não houvesse tempo ou idade. A aparente falta de desejo o resguardava de todos os males humanos, carências e deficiências que lhe eram insuportáveis enxergar. Todos os seus rios de orgulho e seus precipícios de indiferença queriam romper alto em seu estômago. Não havia mais possibilidade de digestão.
Pensar no esquema “tudo bem”, “vai passar”, “o tempo cura todas as feridas”, "o que não mata faz crescer" havia criado uma geleira em seu coração. Pensava nunca ter sentido dor e agora seria tarde demais para chorar, porém, dentro de seu corpo adormecido, uma voz suplicava outra, algo reclamava por sua alma que há tempos havia desistido de empurrar.
Era a solidão confinada, esperando a sensação deliciosa e trágica de amar a mercê da imperfeição, refém dos acidentes, enlaçada por erros e tentativas. Era uma criança desejando viver apesar das mentiras. Era a coragem tentando acreditar que amar pode ser como aceitar doce de um estranho sem precisar ter medo, mesmo sabendo ser um assalto.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Vírus
talvez alguma infecção,
qualquer coisa que sorria para minhas veias.
Queria falar com os pássaros da árvore fincada em meu ouvido,
Queria ecrever ao som de mel e limão,
congelar a febre elétrica que corre na ponta de meus dedos,
e esse fogo na garganta.
Vivo num córrego insano,
impaciente e agudo que assombra minhas vias,
aguço meus fios,
estremeço,
estou farto de imunidades.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Walt Disney X Wila Pinto
Um professor me chamou para entrar no "cinema" e ver esse filme, uma criança me convidou para sentar ao seu lado. Eu sentei. Do meu lado haviam outras três, elas não pareciam interessadas no filme. Para minha surpresa elas queriam "ir conversar comigo" e disputavam entre sí quem iria primeiro (para quem não sabe, eu sou psicólogo). O que me intrigou é que a vida delas é muito pesada, então, segundo minha imaginação, elas, supostamente, deveriam querer mergulhar naquele filme. Viajar para aquele mundo protegido e ficar lá o máximo possível, naquela tela onde até o real era cheio de fantasia. Mas não! Elas queriam conversar comigo. Pasmei! Por conta desse pedido, pensei que a fantasia não preenche a carência de ninguém, apenas ilude, elas estavam dizendo que queriam contato humano verdadeiro, e não um encanto. Entendi também que amar é isso, desalojar-se desse lugar feito de espera, de ideais e imagens, é viver a dor de não ser para sempre o príncipe ou a princesa.
Pensei que estava sendo bem mais difícil eu querer encarar a realidade do que eles próprios; por cinquenta minutos senti vontade de ver o filme, esquecer daquele mundo imperfeito ao redor, me esconder e ser criança, e consegui ser por algum tempo. Depois fui chamado por eles da terra do nunca e foi muito bom voltar. Trabalhar numa vila com crianças mal cuidadas me faz querer poder dar todo meu carinho, esquecer um pouco da técnica e da neutralidade. É uma retroalimentação. Lá eu tenho a oportunidade de poder resgatar a criança em mim também, que, como eles teve a alma machucada. Uma criança com muito medo de ser rejeitada ou amada. Ao ser um pouco pai, um pouco amigo e depois terapeuta, alguma capacidade adormecida é despertada em mim.
Confirmei que ninguém precisa ser de vila para entender o sentimento de abandono, descuido ou agressão por parte de pais. Que criança não sentiu (em diferentes medidas, é claro!) desamparo e fragilidade como essas? A diferença é que para essas, há falta ou excesso de quase tudo. Elas aprendem cedo demais que "feliz para sempre" é uma ilusão. Por isso não queriam ver o filme. Elas entendem precocemente que felicidade é agora ou talvez nunca, é algo que urge sem momento certo; depende da sorte e é sempre por pouco. Um saber que poucos "adultos" realmente adquirem.
Estou acreditando que qualquer gesto sincero de carinho nesse mundo é um tesouro. Pensava que o mundo era frio e distante. Tinha até hoje acreditado nisso, então eu preferí me encolher, ser mesquinho e egoísta também. Já era hora de descobrir que fiquei com mais dívidas com o mundo do que ele comigo.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Mais uma da Maria
Maria Rita Kehl
Acho de uma libertação e alívio entender isso! Todos somos poetas tentando dar nomes ao Real. Uns mais, outros menos. Uma tarefa cheia de dúvidas e complexa. O Real é sempre um risco. Entretanto, mesmo sabendo dessa impossibilidade da linguagem, devemos continuar tentando, se aproximando, cercando esse peixe de escamas escorregadias chamado vida.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Na companhia de sexta...
refresco à sombra,
acalento no sol,
que o dia seja cheio de ficar bem,
dia de pinçar do suor as possibilidades,
dia de não esperar outros,
de caminhar por seis minutos como se nada fosse acontecer,
nadar entre as folhas caídas da quase primavera,
mudanças no balanço,
sem pressa,
acreditar na felicidade.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Três pontos...
Adeus nos olhos,
começo não é reinício,
conhecer é um jogo sem fim entre afastamento e reaproximação de si,
há enlaços correndo à beira da noite do coração,
o medo de se perder ou trancar é íntimo,
enfrentá-lo é ver os traços tortos expostos,
cair não é mortal.
Fé não é uma invenção,
tampouco uma palavra.
Que a última venha.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Conselhos que devemos desconstruir I
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
"O tempo e o cão"
"A aparente eficácia dos tratamentos medicamentosos (para a depressão) soma-se a paixão pela segurança que caracteriza a sociedade contemporânea, para a qual a idéia de que a vida seja um percurso pontuado por riscos inevitáveis produz uma espécie de escândalo".
"depressivo é aquele que cai antes da queda" (ela pega essa frase emprestada de Mauro Mendes Dias).
"tudo parece possível, não porque o horizonte das possibilidades e da liberdade tenha se alargado, mas porque os critérios e os limites que davam sentido à vida foram destruidos".
"o homem de hoje não cultiva o que não possa ser abreviado" (Paul Valéry)
"em análise, é possível observar o momento em que o enlutado consegue abandonar aquele que o abandonou".
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Miles Davis e a insustentável leveza de uma manhã ordinária
Da janela viu uma mulher, um mendigo e dois cachorros. O mendigo, ironicamente, lia o jornal, mancava e parecia estar com muito frio, estava sem roupas de lã. Era um dia de inverno. Havia um aquário no bar, iluminado com uma luz verde escura fraca. Haviam alevinos recém nascidos junto ao solo, era preciso se aproximar para enxergar, buscar foco.
Ninguém se olhava no bar quando entrou um homem já tirando seu casaco, ele trabalhava alí, entrou sem acenar ou dar bom dia às suas colegas, apenas dobrou seu casaco cuidadosamente e colocou guarda napos nas mesas. E se fosse seu último dia? Quem choraria?
Ouvindo Miles pensou que nem tudo precisa ser de vida ou morte, que a vaidade o levara até então a não sair do lugar. O bar estava vazio, a rua vazia, às mesas muitos fantasmas, sentiu-se bem com aquela falta toda que o preenchia, sentiu-se vulnerável, e sabia muito bem como essa sensação lhe era normal, mas não hoje. Pensava que não precisava de ninguém até então. Sua vida, como agora a via, seria uma fuga cansativa. Entendeu que ele não era nenhum homem. Se perdeu, voltou, mergulhou na ilusão de que esperaria até ser achado e pode submergir de sua vertigem crônica. Naquele momente havia acordado.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Homenagem ao mestre Carlos
"E digo: diante de um aparente novo nome, a perplexidade. Não o costume, não a docilidade.
Diante de uma aparente nova mudança, a desconfiança. Não a metástase e sim, em todo caso, a metamorfose.
Diante de uma aparente nova promessa, o desassossego. Não a total compreensão, não sua burocracia.
Diante de um movimento aparente, outra vez a perplexidade. Não o hábito incorpóreo. Não sua ordenação".
terça-feira, 1 de setembro de 2009
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Momento guia de auto não destruição I
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
silent lucidity
Hush now, don't you cry
Wipe away the teardrop from your eye
You're lying safe in bed
It was all a bad dream
Spinning in your head
Your mind tricked you to feel the pain
Of someone close to you leaving the game of life
So here it is, another chance
Wide awake you face the day
Your dream is over... or has it just begun?
There's a place I like to hide
A doorway that I run through in the night
Relax child, you were there
But only didn't realize and you were scared
It's a place where you will learn
To face your fears, retrace the years
And ride the whims of your mind
Commanding in another world
Suddenly you hear and see
This magic new dimension
I- will be watching over you
I- am gonna help you see it through
I- will protect you in the night
I- am smiling next to you,
in silent Lucidity-
If you open your mind for me
You won't rely on open eyes to see
The walls you built within
Come tumbling down, and a new world will begin
Living twice at once you learn
You're safe from pain in the dream domain
A soul set free to fly
A round trip journey in your head
Master of illusion, can you realize
Your dream's alive, you can be the guide but...
I- will be watching over you
I- am gonna help to see it through
I- will protect you in the night
I- am smiling next to you....
In silent lucidity.
domingo, 23 de agosto de 2009
De pijama
ao lado, um copo de sono,
fico em dúvida,
cartões empilhados,
nomes, função, endereços, fotos 3X4
meu passaporte está vencido,
preciso de segundas vias,
uma terceira vida,
vou sair do quarto.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
energias desperdiçadas
Chora, esperneia, espera, se queixa, foge, rompe, escreve poemas, briga com o mundo, se ajoelha, pede pra ficar; faz um teatro para não admitir, não dizer que vai tentar, melhorar, se comprometer, buscar, compreender.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Correndo ela
desenha os ombros,
sublinha as sobrancelhas,
carrega seus lábios para as suas pastas,
imagina ideias em sua língua.
Ainda assim a seta parece fria,
uma indicação sem fundo,
não pode se enganar,
clica sem conseguir,
não salva nada, tampouco baixa ninguém.
Mouse não é mão,
chegar nunca é um bit,
sem distância não há desejo,
não há salva dor sem sair de casa.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
gaguejo do desejo
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Pensamento do dia
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
poeminha da esperança simples
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
legado
Neto de uma guerra,
detalhe de um galho levado,
regado pelo desespero,
descendente de separações,
opção de fuga.
Irrevogáveis retalhos,
memórias mitocôndriais.
O que será irreparável?
Herdei a negação e a culpa dos que abandonaram,
a anestesia soberba dos que acreditam que não podem morrer duas vezes.
Cansei de heróis e monstros.
Continuo procurando um lugar,
alguma paz, raiz.
Quisera eu encontrá-las num sorriso qualquer de meu avô.
Alguém não é filho da guerra?
terça-feira, 4 de agosto de 2009
À perplexidade das garças do arroio dilúvio
domingo, 2 de agosto de 2009
O psicólogo que quis ser gari para ver se ficava visível
Quando eu ando na rua ninguém me dá bom dia, pergunta como eu estou ou qual é meu nome. 95 % das vezes, as pessoas nem sequer se olham. Eu acho que isso não tem a ver com discriminação de classe social. A invisibilidade existe entre todos com todos, eu sei que é triste dizer isso. Faz parte do mundo "montanha russa" em que vivemos, a rua deixou de ser ponto de encontro há tranquilamente mais de meio século. Mas todos fazem campanha dos "sem alguma coisa", olhem para eles, coitadinhos, não são vistos. Se pelo menos dessem um salário decente para os Garis, provavelmente eles não estariam nem aí se são ou não visíveis. Se todos acharem a pior coisa do mundo ser ignorado, melhor nem sair de casa. Vão criar alguma casquinha! Por favor!
p.s. Será que estou sendo gelado demais?
p.s. 2. Se o psicólogo queria ter sido visto, melhor se fosse de gari fantasiado de drag queen.
p.s. 3. Só me falta o psicólogo ter tirado essa vaga de gari de alguém necessitado que precisava desse emprego. Imagina!! 8 anos esperando a vaga! Vão criar vergonha na cara!!!
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Carta de um adeus II
Não porque não te amava.
Apenas não sabia o suficiente para deixar de ser egoísta.
Errei ao pensar que sentir demais não era amor.
Nos perdi por medo de dizer quando te odiei.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
quando janelas viram espelhos
as propagandas não desviam o olhar,
buscava ser visto desesperadamente,
encarcerado em sorrisos incondicionais,
esperando o o silêncio perfeito,
desfilava para ninguém.
Fincava suas lentes nos reflexos,
Engoliu-se em seu sono,
congelou ao despertar.
Qualquer um é Medusa para Narciso.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Ansiedade suicida
Era apenas alguém acendendo um cigarro no primeiro andar.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Instinto suicida
Ontem subi no terraço do prédio onde mora um amigo meu e lembrei da beleza de pular. O prédio fica na Duque de Caxias, na parte alta, era um dia lindo, sem uma nuvem, céu de baunilha. Fiquei flertando com a vertigem. Lembrando que tudo pode terminar em alguns segundos, evocando os detalhes que podem mudar qualquer direção. Fiquei me imaginando voando, numa queda silenciosa, enquanto meu amigo estava de costas para mim. Quando ele se virasse eu, simplesmente, não estaria mais alí.
Apesar do peso da vida, admito ter sentido um pouco de leveza, possibilidade nascida da imaginação que possibilitou meu voo. Suicídio é tabu, mas não acredito que alguém realmente vivo não tenha nunca pensado nisso. Suicídio é a loucura em seu maior exponente, solidão mais absurda, mistura de covardia, orgulho, coragem, raiva, tristeza. Em tempos em que morremos por quase nada, se matar até parece nobre. Será que em alguns casos não o é? Quando seria então? Pensar no suicídio é pensar além do limite da razão.
No filme Vanilla Sky, trata-se de um suicídio poético, para a vida. David se atira para poder despertar, viver uma vida real, não mais num sonho lúcido. Ele escolhe enfrentar seu pior medo, cair em si, desistir de olhar o mundo por cima. Nesse caso, eu gostaria de poder pular como ele. Fiquem aliviados, não estou fora de controle. Quero apenas matar o que já é morto em mim.
Confesso que ontem pensei na beira da minha morte, alguns domingos são propícios para precipícios. Não pulei. Não iria trair um amigo.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Quase esperando sempre
parecendo estacionar os desastres,
cobrindo fraturas e percalços ilhados,
entendendo o despropósito arquitetado das quedas sofridas.
As arenas agora parecem estar esvaziando,
fantasmas encarnando adeuses,
somente eu, ela, música e sincronicidades,
hipnose mútua,
revirando estações,
terça brincando de sábado,
sopro de primavera no inverno,
dedilhando indícios de felicidade.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
forças da nantureza
derrubar a muralha da China.
Que o Pão de Açucar vire de glacê.
Levem as bombachas do laçador,
que a usina do gasômetro lembre Chernobyl.
Hoje não haverá diferença entre homens bomba e trapezistas de circo.
Que as crianças esqueçam de arrumar suas camas.
Há um Tsunami em mim.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Acho que vão derrubar meu blog....
O meu novo blog já está criado e pronto para receber minhas velhas e novas postagens. O endereço será http://macieirascontranewton.blogspot.com/
P.S. Lendo com mais calma e menos desespero (o email é em inglês) acho que só tiraram o post da artista do meu blog, não vão derrubar tudo! Mas fico em stand by de qualquer maneira. Ufa! Hmmm, tinha gostado tanto do novo nome do meu blog! Se alguém quiser eu vendo! :P
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Meu aniversário...
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Carpe fucking diem
P.S. Não é nada pessoal...
terça-feira, 7 de julho de 2009
Felicidade é quando
Enxergo com os dedos,
O olhar e um sorriso joga âncoras,
descosturo os ganchos da língua,
Ensaio novos suspiros,
Livro o coração das teses.
fisionomias
esqueçam as ciências,
os olhos espelhados,
é espontâneo,
é voz e ouvido,
é aromático.
No labirinto de imagens,
perdem-se as chances de sabor.
domingo, 5 de julho de 2009
Cair
Um tombo que me surpreenda!
correções que finquem sem envenar,
Proibições que doam sem castrar,
Traumas que sangrem sem hospitais, sem engessamentos.
É possível?
Queria perder um pedaço de mim só para ver se existo sem,
aprender a morrer para me acordar, ver se viro do avesso.
Olhar fixo para o sol, enxergar alguma verdade.
Aprender a entender onde moram os finalmentes.
Essa fome por finais e verdades,
congelo nos inícios e nas invenções.
Tropeços queimam.
Alguém ensina?
sábado, 4 de julho de 2009
O melhor poema para Michael!!!
O que o vitimizou – como um estigma
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Dia da final!
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Doença grave
iluminou-se ao ser atendido,
endividou-se pelo voto.
Hoje crê que se parar de curar adoecerá novamente.
Desde então continua doente, detento,
sem dor, com medo
rendido de si,
Uma doença maior.
Deus não é cobra.
Necessidade
Teve que limpar a sujeira dos irmãos,
reparar as pontas quebradas da mãe.
Esperou retribuição.
Agora nada a satisfaz,
chora sem saber,
Graduou-se na arte do desaparecimento,
No lugar do coração ficou um cartola sem vestígios de coelho,
os olhos endurecidos não giram mais,
sua tristeza casou, o mundo diminuiu.
Cuidará de quem?
Precisa de um bebê,
foi treinada em lustrar necessidades,
adiará novamente seu encontro consigo?
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Realizar x Cumprir
realizar é do desejo, anseio
cumprir é alíviar, se livrar, assentar
realizar é esperar, alongar, ir sem saber ao certo,
cumprir é sem paixão, requer responsabilidade e consideração
realizar é regar, cuidar, sofrer
cumprir é meta, objetivo, prazo,
realizar é uma proposta,
realizar é desistir dos ideais em nome da verdade,
cumprir é se contentar com a razão,
cumprir é parente do cinismo,
realizar é inapreensivel direção, é teatro nos bastidores, diálogo no silêncio,
admiro os que não se acomodam em seus cumprimentos,
e se encorajam nas curvas arriscadas da realização.
Cumprir antecede a realização,
não devemos nos desistir facilmente.
Um dia o piloto automático pifa.
domingo, 21 de junho de 2009
Se algum conselho ajuda... (Platão já morreu).
Quanta estupidez!
Isso me cansa!
Essa vontade de preenchimento é perversa,
é a origem de todos os males do espírito e do coração,
Não esperem tampouco se completarem sozinhos,
não há saída, não há auto ajuda
não finjam não precisar de ninguém como forma de se preservar,
Tamanha arrogância e soberba corrói, afasta, assusta
Não fechem os olhos, não olhem acima das orelhas.
Acordem! Apesar da metafísica, o tempo não é relativo, ele é linear e constante, o resto é cegueira.
Se você se amargurou não deixe seu próprio orgulho azedar o que sobrou.
Ninguém é tão morto que não se machuca.
Não espere entender o passado para aceitá-lo. Talvez essa seja a única condição de seguir que a vida te dá.
O resto é contigo.
Domingo
apesar do cansaço, alimento meus peixes,
eu só preciso reconhecer.
Acordo cedo,
queria esconder as lâmpadas.
Cabelos arrumados me assustam.
Acordo cedo,
descubro tintas secas na geladeira,
dia de limpar,
entender o que não alimenta mais.
Acordo cedo,
apesar do cansaço,
uma vontade de não dormir nunca mais, cócegas no precipício da língua.
Vou para a rua com uma cantiga de amor pendurada,
preciso aprender a me ajoelhar e levantar, sei empurrar meus pés.
Me dou a mão e visto minhas lentes.
Daí entendo porque as missas acontecem aos domingos.
sábado, 20 de junho de 2009
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Vencido
Elas tem prazo curto,
Todos os alimentos do mundo me olhavam até hoje,
acusando meu fracasso
Lot 25673849/ val 27/05
Sua origem, sua morte.
Val expirou há muito tempo,
e eu insistia em regurgitá-la.
Ruminem dores se necessário.
Mas não esqueçam da val.
terça-feira, 16 de junho de 2009
Ideais não tem chão
precisava de nós difíceis,
sem sustentar a tensão,
não soube voltar,
não conseguia mais descer,
nada o contava.
Queria intensidades sem nomes.
Acreditou ser possível,
murchou pensando que poderia ser diferente.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Ampulhetas
a vagareza de despertar,
compreender o espelho,
imaginá-la presa comigo,
espiá-la lendo deitada,
esquecer de girar.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
nas coxas
Carregava sua porta fachada estandarte como se a vida fosse um carnaval
Sem cinzas ou bandeiras
Brincou de rei e mamou restos de rosas
desossado, nunca pode sofrer.
Amor mediado
entre horóscopos,
15 milhões de possibilidades,
inscrições sempre abertas,
compatibilidade virou estatística,
sem margens de risco,
me belisco.
Acordem.
Não existem filas.
domingo, 7 de junho de 2009
sábado, 6 de junho de 2009
Tempo
Felicidade não tem agenda nem batida
alegria não é espera
não se alcança
não há túnel nem fim na salvação
amar não é uma dependência solitária
Nada acontece naturalmente, ilusão pós moderna de fluidez,
não somos naturais
É preciso desejo, impulso, força, direção, resistência e fé.
Não pense que é fácil ou pouco.
De graça nada é muito divertido.
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A felicidade bateu em sua porta, o incrível é que às vezes ela bate mesmo. Nem abriu... Não quis olhar seu rosto.... teve medo e pressa... O pacote não vinha pronto....
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Ricardo Silvestrin
que se diga
quem toma a palavra
pela coisa
diz palavra com palavra
mas não diz coisa com coisa
a palavra pode ser pesada
a coisa, leve
e vice-versa não é coisa alguma
a palavra coisa
não é a coisa palavra
palavra e coisa
jamais serão a mesma coisa
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Quebra cabeças
Queria saber se todas as peças do jogo estavam lá.
Impaciente, tinha dificuldades, não era boa com isso.
Eu disse que as caixas sempre revelam quantas peças carregam. 49.
Ela agradeceu, e contente, contou.
Quantas vezes perdemos tempo tentando montar quebra cabeças quando a resposta já está na caixa?
Fiquei feliz.
Entendi porque existimos.
Bem vindo frio
O frio pede aproximação, reclama o toque, faz a gente esquecer o conforto da solidão
O frio chama o sol, faz a palavra falada lançar vapores aos ares
O frio quer fricção, faz a gente desenhar nos vidros, estica a pele, desperta apetites
O frio pede companhia, faz a gente querer chocolate com muita calda de romance
Ainda bem que as estações mudam, o frio chegou, espero manter esse calor dentro de mim, com ele minhas geleiras estão desmoronando. Que as chamas do outro sejam bem vindas.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Reabilitação
Foi algo simples e pequeno, algo insignificante num primeiro olhar, mas que tornou-se emblemático num segundo. Tudo deveria ser emblemático quando se vive.
Decidi parar! Parar é o melhor jeito de recomeçar.
Descobri que andava distante, afastado daquilo que me tornaria quem eu temia ser. Ser na verdade.
Entendi que vivia infeliz com coisas que fiz ou sofri no passado. Remoer é resentir ódio para sempre. Querer consertar o que foi é uma maneira de estragar o que pode ser. Não quero tentar consertar o passado para finalmente viver. O passado é quebrado e com pontas e ponto.
Acontece que como todos os lunáticos eu perseguia, desesperadamente os altos fins, e acabava fugindo de volta para mim, desejando apenas um prato de comida.
Quero parar de interpretar e esperar sinais. Aprender a dar votos é bem mais divertido.
Perder e ganhar tomam perspectiva e valor.
Solução para a solidão nunca houve. Não há droga para a solidão. Só arriscando.
Viagens, casamentos e flores adiam.
Tenho deficiências, fraquezas, unhas e cabelos. Mesmo assim serei bom, apenas bom.
Minha paralisia cordial teve um abcesso. Minha face parece querer derreter. Meus olhos arder.
Chega de iludir o ódio e o amor com uma arrogância coberta de falso auto respeito e ingenuidade.
Aconteceu que essa semana eu virei uma criança.
Espero que não sem fim.
domingo, 17 de maio de 2009
Ludwig Wittgenstein
sexta-feira, 15 de maio de 2009
É proibido- Pablo Neruda
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.
É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
desejo...
Meu Desejo... Que apesar de todas as dificuldades, apesar de algumas tristezas que insistem em estar, que mesmo com montanhas erguidas, o sol possa ser seu presente mais doce.
Desejo ao teu coração o querer que ele quer. Que nas palavras que ele sussurra dentro do seu peito sejam ouvidas aquelas que têm sabor de liberdade.
Que você esteja atento para o sopro da sua vontade real e jamais desista dos seus passos em direção à verdade.
Desejo que sua percepção acorde mais plena no calor de um sol novo e renovador. Que ele lhe encoraje às atitudes que estão querendo respirar. Aquelas que sempre são substituídas, aquelas que não se arrojam por ter os pesos de conceitos por demais antigos.
Desejo que você aceite seu tempo seja ele qual for. Que sinta serenidade na espera necessária para que a semente plantada brote no tempo certo.
Desejo então que sua flor seja inteira e mesmo que inicialmente pequena e frágil, ela lhe traga as luzes de uma estrada azul.
Que sua sabedoria esteja desperta aguardando com tranqüilidade o desabrochar da sua flor. Em paz, em cadência ritmada com o aprendizado que vem chegando. Em mais suaves permissões a você. Em muito mais reconhecimento da sua coragem.
Desejo a você um sol diferente. Espalhando seu sorriso pela densidade das nuvens, simplificando o aspecto complicado de alguns momentos e mostrando-lhe a fonte essencial para sua sede. Desejo que a cada instante você desnude mais seu coração e deixe que nele vibre em tom maior: "O AMOR!” O AMOR na sua expressão mais simples. Que não mede, não faz contas e que tem o poder de lhe erguer acima de todas as montanhas escuras.
mensagem
A justiça sem amor, te faz implacável.
A diplomacia sem amor, te faz hipócrita.
O êxito sem amor, te faz arrogante.
A riqueza sem amor, te faz avaro.
A docilidade sem amor, te faz servil.
A pobreza sem amor, te faz orgulhoso.
A beleza sem amor, te faz fútil.
A autoridade sem amor, te faz tirano.
O trabalho sem amor, te faz escravo.
A simplicidade sem amor, te deprecia.
A oração sem amor, te faz introvertido e sem propósito.
A lei sem amor, te escraviza.
A política sem amor, te deixa egoísta.
A fé sem amor, te deixa fanático.
A vida sem amor... ... não tem sentido!
Autor desconhecido para mim.
terça-feira, 12 de maio de 2009
Zen e a arte da manutenção de motocicletas
Robert M. Pirsig
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Se eu fosse....
Se eu fosse um mês, eu seria… junho
Se eu fosse um lugar, eu seria… Praia da Brra
quarta-feira, 6 de maio de 2009
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Se...
teria ficado com os peixes e a falta de chão.
Viveria sempre com a mesma roupa rasgada.
Acordaria e lavaria o rosto com água salgada e a pele colaria em mim.
O sal faria brilhar minha imensa barba,
que faria eu esquecer minhas feições.
Meus pés descalços seriam o meu uniforme,
gozaria com o som da água chicoteando o casco de meus ouvidos,
viveria imerso em mim,
seria desalojado pelo oceano,
me sentiria sempre em casa.
Minha casa seria só meus sentimentos.
Acordo com os ventos.
domingo, 3 de maio de 2009
Importando de outros blogs
vale a pena conferir. A dona do blog tem outras coisas ótimas também!
Todo mundo é feliz no Orkut. Nos quadradinhos, as melhores fotos. Nas fotos, os melhores sorrisos. E tem que ser assim. Caso contrário seria um desfile de fotos de lápides. Todos sérios. Em preto e branco. Sem muito a dizer. Ou a dizer o essencial. Isso torna-se chato rapidamente. Sem tempero. Ademais, imagine uma página de Orkut cheia de fotos sem sorrisos. O legal é ter muitos quadradinhos com fotos, quanto maior o número de quadradinhos maior será seu leque de amigos. Só quem já entrou no Orkut de alguém que tem poucos amigos sabe o quanto isso é frustrante. Um impacto. É estar frente a alguém totalmente antissocial, isso para não dizer antipático, de difícil convívio.
A engrenagem não pára, quanto maior o número de quadradinhos de alguém, maior a chance de encontrar um conhecido no meio deles, ler seus recados, fuçar nos álbuns de fotos e saber de tudo. Matar a curiosidade. E ainda, no final da pesquisa, ganhar um amigo. Sim. Há a chance de acrescentar um quadradinho na sua página e ganhar mais um amigo. Aproveite!
Os álbuns refletem, de maneira geral, a autenticidade das relações contemporâneas.
São fotos alegres, de baladas, muitos amigos “de verdade”, “para sempre”, viagens inesquecíveis, beijos apaixonados e relacionamentos perfeitos. Todos bem sucedidos. A impressão de completude é fato.
O excesso de exposição é apenas um detalhe. Um prego a mais para fixar o Ego na parede. E o que é um prego na vida de alguém?
Nos recados e comunidades notam-se alguns escorregões. Como já dizia a vovó, ninguém consegue mentir o tempo todo. Nem o Orkut é perfeito.
Descobrir que o parceiro gostou de outro quadradinho e juntos formaram um belo retângulo, no qual cabem dois travesseiros, é uma clássica desgraça geométrica. Coisas de Orkut.
Também é frequente saber que os amigos programaram encontros, baladas, almoços, e que seu quadradinho não foi convidado. O mais legal é ver as fotos desses eventos. Saber-se excluído de tantos momentos felizes e perfeitos. Fique calmo. Você vai ser convocado. Para ouvir lamúrias, preencher os momentos de solidão e ouvir histórias repetidas do amor que acabou. Não adianta fotografar. Essa não vai pro Orkut.
Cá prá nós, algumas coisas não cabem por lá. Pedem mais que uma coleção de quadradinhos a sorrir.
Tá triste? Olha o passarinho!!!
Tire uma foto bonita e diga:
“Essa vai pro Orkut.”
Confusão entre a certeza e as hipóteses
Tudo escorre por entres
Não há decisão sem risco, sem ficar em dívidas,
O erro é a norma
existirão excessos e faltas ao redor e dentro
A solidão é o medo de ficar só, apenas isso
Novamente não sei se o que quero é tanto, algum dia saberei?
A tranquilidade é o inferno, um fim em vão
Vejo escamas nas palavras
Sentimentos nos objetos
Não entendo o que é exato
quinta-feira, 30 de abril de 2009
quarta-feira, 29 de abril de 2009
terça-feira, 28 de abril de 2009
domingo, 19 de abril de 2009
delatam o desejo dela permanecer em minha memória
Mas parece que nada nunca preenche, supre o tamanho da falta
Não posso permitir que a falta seja tanta que se torne vazio e desespero
Busco entender, procuro aceitar o esquecimento. Nosso destino.
Torno o cansaço meu amigo, me engano, finjo que não sei.
Não vejo graça em olhos sem nata.
Quero a quarta chance.
quarta-feira, 1 de abril de 2009
segunda-feira, 30 de março de 2009
profisssional do sonhar acordado
Eduardo Giannetti
"A consciência nos torna a todos covardes, e assim o colorido nato da decisão é recoberto pela sombra pálida do pensar"
Shakespeare, Hamlet.
"penso, logo hesito" (Giannetti).