quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sinal amarelo



Como é bom ser o último a passar pela sinaleira quando ela ainda permanece amarela, quando o trânsito está cheio, e há pressão por todos os lados. Mas a melhor de todas é a sinaleira da 7:30 hs da manhã, na encruzilhada da Goethe com a Silva Só. Nessa hora o trânsito já é bem intenso. Tenho dificuldade de acordar e enfrentar a manada de pessoas competindo e correndo, sempre atrasados e mau humorados, para não ser mais um desses chego sempre 15 minutos mais cedo que o necessário no trabalho. Quando passo pelo sinal amarelo, deixo os que estão na frente se distanciarem e sem preocupação diminuo a velocidade e vou sozinho bem devagar, imaginando por um minuto como seria se a avenida permanecesse assim estendida. Por alguns instantes súbitos e incertos consigo respirar a rua, o sol, o dilúvio, a cor do dia e as crianças caminhando para a escola. Esse é um minuto sagrado, quando sou presenteado pela sorte rara do sinal amarelo me acenar. Curto e duvidoso. Talvez assim sejam as vias da vida, elas não dependem da gente, vivemos esperando que se abram ou fechem, respeitamos suas cores, suas direções, quem vem acenando atrás ou vai devagar na frente, e nunca sabemos bem como ou onde estará a próxima. Cada um apenas esperando que o semáforo não se feche em alguma encruzilhada. Pelo menos vou cantando.

2 comentários:

Kenia Santos disse...

Ah! Eu também vou cantando. Os momentos em que estou no trânsito são os únicos em que posso ficar sozinha com meus pensamentos, sem a interferência de ninguém. É sempre boa opção sentir a vida à nossa volta.

Linda postagem Marcelo! Beijo sempre carinhoso. =*

Nadia disse...

Ah, eu que há anos não dirijo, curto andar a pé, ver as ruas, as pessoas, as árvores, sentir o ar, o sol...morar a alguns passos do trabalho é a minha satisfação diária...Marcelo, que bom que tu se brinda com essa paz do amarelo...beijo- saudade