terça-feira, 10 de março de 2009

Fé na esquina


Fé é viver num "como se" para a frente...
Eu explico. Viver num "como se para a frente" não é tentar se enganar, é tentar enganar o que sempre aconteceu, o que foi até hoje assim. Viver num como se para a frente não é enganar o passado, é tentar superá-lo. Não é viver imerso em ilusões, não é andar como artista de cinema, agir como se não houvesse consequência, como se a dependência fosse um mau dos outros, como se o passado não tivesse sua força. Como se nunca tivessemos um coração despedaçado, e respectivamente ferido tantos outros. Não estou pregando viver um "como se" que busca apagar o passado. É olhar para a frente, apesar do passado. Fé é se arrumar! Como se, naquela esquina, hoje, talvez, fossemos encontrar alguma chance de novo, como se todo o dia fosse realmente uma nova chance de enfrentar, singelamente a invisibilidade. É viver como se ontem, a covardia tivesse acenado adeus à vaidade. Para então, olhar tudo como se fosse a última vez e, finalmente ter no medo um amigo íntimo. Um passaporte para que o "como se" venha a ser.

2 comentários:

Nádia Lopes disse...

Eu gosto de viver com essa ebulição inaugural,certa de que cada momento é sempre uma grande oportunidade e que, como todas as primeiras vezes, ela será linda!
Nem tinha me tocado o tanto de fé existe nisso!
beijo

Luciane Slomka disse...

Fiquei digerindo o post para só hoje comentar.
Viver como se ontem eu não tivesse chorado, como se ontem eu não tivesse perdido, como se não houvesse amanhã, como se não houvesse medo.
O legal do "como se" é que ele implica que a gente sabe, na verdade, que tudo isso existe: a perda, o choro, o amanhã, o medo. A gente não está negando isso tudo. É essa fé que tu fala, que nos faz ter aqueles momentos mágicos de enxergar o que é bom, que nos faz acreditar apesar de tudo e seguir em frente. Sem negação. E com muito desejo. E que coisa boa pensar que a fé está sempre ali, na próxima esquina a nos esperar.