sexta-feira, 22 de maio de 2009

Reabilitação

Alguma coisa aconteceu com meus pés, ainda não sei bem o quê, nem de que modo.

Foi algo simples e pequeno, algo insignificante num primeiro olhar, mas que tornou-se emblemático num segundo. Tudo deveria ser emblemático quando se vive.

Decidi parar! Parar é o melhor jeito de recomeçar.

Descobri que andava distante, afastado daquilo que me tornaria quem eu temia ser. Ser na verdade.

Entendi que vivia infeliz com coisas que fiz ou sofri no passado. Remoer é resentir ódio para sempre. Querer consertar o que foi é uma maneira de estragar o que pode ser. Não quero tentar consertar o passado para finalmente viver. O passado é quebrado e com pontas e ponto.

Acontece que como todos os lunáticos eu perseguia, desesperadamente os altos fins, e acabava fugindo de volta para mim, desejando apenas um prato de comida.

Quero parar de interpretar e esperar sinais. Aprender a dar votos é bem mais divertido.
Perder e ganhar tomam perspectiva e valor.

Solução para a solidão nunca houve. Não há droga para a solidão. Só arriscando.
Viagens, casamentos e flores adiam.

Tenho deficiências, fraquezas, unhas e cabelos. Mesmo assim serei bom, apenas bom.

Minha paralisia cordial teve um abcesso. Minha face parece querer derreter. Meus olhos arder.

Chega de iludir o ódio e o amor com uma arrogância coberta de falso auto respeito e ingenuidade.

Aconteceu que essa semana eu virei uma criança.

Espero que não sem fim.

Um comentário:

Luciane Slomka disse...

Nossa, Marcelo. Esse sim, mais um dos que expõe a pele mais profunda. O Marcelo mais guardado. Amei! Leva pro Carpi! Beijo!